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Agosto Lilás: violência contra a mulher não tem desculpas, tem consequência.


Encontro: Formação Humana

Tema: Agosto Lilás: violência contra a mulher não tem desculpas, tem consequência.

Iluminação Bíblica: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” Gn 1:27


Ambiente: No chão, diante do crucifixo de São Damião colocar a bíblia aberta com palavras que instigam a reflexão do tema, como: Igualdade; Liberdade; Preconceito; Sociedade; Violência; Homem e Mulher; Criação de Deus; e etc.. E sobre a luz de uma vela, incenso e a música de fundo para reflexão: Doce é sentir (instrumental).


Objetivo: Sensibilizar e instigar o jovem franciscano a respeito da violência contra a mulher, bem como ser ferramenta de diálogo, se colocando sempre o ouvir.


Oração Inicial: ORAÇÃO DA COLABORAÇÃO

Não é fácil colaborar. ó Deus, / Criador da comunidade humana. Já que pedes que vivamos e trabalhemos juntos,/ aumentai em nós o espírito de colaboração. Não permitas que fiquemos calados,/ no puro cumprimento do nosso dever. Faze-nos considerar nosso trabalho/ como uma cooperação ao bem da humanidade,/ na qual os nossos esforços estão associados aos outros./ Exclui da nossa conduta todo espírito de rivalidade,/ toda inveja,/ toda tentativa de suplantar os outros. Ensina-nos a respeitar a personalidade alheia,/ e não querer plasmá-la conforme as nossas exigências. Inspira-nos uma mentalidade magnânima,/ faze-nos felizes de poder ajudar os outros,/ de colaborar para o bom êxito deles,/ mesmo que tenhamos de permanecer na sombra. Concede às nossas almas uma compreensão profunda,/ numa estima recíproca, sincera,/ cheia de benevolência cristã. Dá-nos a força de te oferecer todos os sacrifícios que forem exigidos para salvar o amor fraterno,/ todas as renúncias/ que qualquer forma de colaboração traz consigo. Amém (Devocionário Franciscano, pág. 580 e 581)


Facilitador: Vivemos em uma sociedade hoje que muito se fala em igualdade de gênero. É muito comum, em especial nas redes sociais, nos deparamos com discursos de ódio ou ainda de forma satírica, esse tema que tanto constrói como desconstrói ideias e ideais que foram por anos configurados em nossa sociedade mesmo antes do descobrimento do Brasil. É simples, se pararmos para observar um pouco nossa sociedade podemos ver em cada detalhe essa configuração: O simples fato daquele velho ditado “homem que é homem não chora” ou ainda dos dizeres “prendam suas cabras, que meu bode está a solta”, “lugar de mulher é na cozinha”, “você já viu o tamanho do short que ela usava?” São visões e conceitos distorcidos e utópicos que de certa forma se internalizam dentro de cada um como verdade absoluta e que nos últimos anos vem sendo contestada e ganhando espaço de discussão.


Leitor 01: Nesse momento de recordação, podemos lembrar da mensagem do Santo Papa João Paulo II por ocasião da Campanha da Fraternidade de 1990 que tinha como tema “Fraternidade e Mulher” e como lema “Mulher e Homem, imagem de Deus”.


A mulher, efetivamente, tanto quanto o homem, é uma pessoa; é a única criatura que Deus quis por si mesma; a única a ser expressamente feita à imagem e semelhança do mesmo Deus, que é Amor Precisamente por isso, não pode se realizar plenamente, senão por um dom sincero de si mesma. Daí a origem da “comunhão”, em que deve exprimir-se a “unidade dos dois” e a dignidade pessoal, tanto do homem como da mulher.

Assim, nem o homem é superior à mulher, nem a mulher ao homem. Isso não quer dizer que ambos são iguais em tudo. Cada um dos dois, possui a totalidade e a dignidade do ser humano mas não da mesma forma. A mulher entende a sua realização e a sua vocação, como pessoa, segundo a riqueza dos atributos da feminilidade, que recebeu no dia da criação e que vai transmitindo de geração em geração, como sua maneira peculiar de ser imagem de Deus, obscurecida pelo pecado e recuperada em Jesus Cristo.¹


Facilitador:“Em 2016, tramitaram na Justiça do País mais de um milhão de processos referentes à violência doméstica contra a mulher, o que corresponde, em média, a 1 processo para cada 100 mulheres brasileiras. Desses, pelo menos 13,5 mil são casos de feminicídio”². Se por um lado, temos a bandeira levantado por alguns grupos sociais a respeito da igualdade de gênero, bem como a equidade de direitos e o apoio moral e psicológico oferecido a muitas mulheres a respeito da violência doméstica, devemos ter como contrapeso a vivência de uma corrente de amor, esperança e paz em um meio social sem distinção ou olhares paralelo e reprimidores. Como diria o cantor e compositor Renato Russo “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, isso tudo de uma forma compreensiva e de alteridade para o irmão.


Leitor 02: Neste ano de 2018, comemoramos um marco na história do direito brasileiro. Comemoramos em agosto, os doze anos da aprovação da lei número 11.340/2006, conhecida popularmente como a Lei Maria da Penha, homenagem à farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes que ficou paraplégica em consequência de duas tentativas de homicídio praticado contra ela por seu marido, nesta última, quando estava dormindo.

Muito embora, já se tenha bastante tempo de atuação dessa lei, ainda se tem muito a ser feito e construído em favor desse combate que tanto destrói a mulher de forma física e mental, atingindo a sua essência como um todo. Os meios de denúncias são extensos: Delegacia da mulher; ligação gratuita (180), mas o que norteia e acaba se tornando ponto fundamental nessa reconfiguração de uma sociedade é o diálogo e o ouvir, está sempre aberto a irmã que está do seu lado, a irmã que passa na rua, a irmã que vai na padaria ou ainda a irmã que está sentada ao seu lado na universidade.


Trabalho em Grupo: Após reflexão em grupo das leituras, dividir os irmãos em três subgrupos e entregar para cada grupo um depoimento anônimo (em anexo) de uma mulher que foi vítima de violência doméstica. O grupo deve discutir alguns pontos, fazer uma breve reflexão e pensar a respeito da temática:

I- O que faz uma mulher se calar diante de constante violência doméstica?

II- Na sua opinião, amor justifica todo tipo de opressão?

III- É fácil encarar uma sociedade que tudo discrimina e que cria rótulos taxativos para tudo?


Tempestade de Ideia: Nesse momento se junta toda a fraternidade para discussão do que foi debatido em grupo. E por meio de troca de opiniões, o facilitador conduz por meio desse debate levar os irmãos ao entendimento do quanto é importante o diálogo e o ouvir o próximo que na maioria dos casos sofre em silêncio.


Oração Final: ORAÇÃO DA FRATERNIDADE

Senhor, te peço pela minha fraternidade: Para que nos conheçamos sempre melhor em nossas aspirações,/ nos compreendamos mais em nossas limitações. Para que cada um de nós/ sinta e viva as necessidades dos outros. Para que nossas discussões não nos dividam,/ mas nos unam em busca da verdade e do bem. Para que cada um de nós,/ ao construir a própria vida,/ não impeça ao outro de viver a sua. Para que nossas diferenças/ não excluam a ninguém da comunidade,/ mas nos levem a buscar a riqueza da unidade. Para que olhemos para cada um, Senhor,/ com os teus olhos/ e nos amemos com o teu coração. Para que nossa fraternidade não se feche em si mesma,/ mas seja disponível, aberta/ sensível aos desejos dos outros. Para que no fim de todos os caminhos,/ além de todas as busca,/ no final de cada discussão,/ e depois de cada encontro,/ nunca haja “vencidos”,/ mas sempre “irmãos”. E estará começando o caminho que termina no céu. Amém. (Devocionário Franciscano, pág. 580)


/**** Facilitador ***/

Atenção: Como esse tema é bastante comum dentre muitas realidades e de certa forma sensibiliza, é importante que o facilitador observe atentamente a todos os irmãos, e caso alguém se mostre um pouco diferente do que o normal, o chame para conversar, pergunte se precisa de alguma coisa.



ANEXOS:


Depoimento 01:

Uma mulher que apanha do marido só vai à delegacia quando ela está no seu limite, depois de sofrer muito. Fui queimanda com ferro de passar roupa por me negar a ter relações sexuais com meu marido. Fui à delegacia dar queixa e a delegada perguntou se eu tinha testemunhas do fato. Ora, eu estava ali queimada. Só me senti uma mulher livre para criar meus dois filhos depois que enfrentei meu marido com um facão. Foi só aí que ele parou de me espancar. Após seis tentativas de separação, fui vítima de cinco balas disparadas por meu ex-marido, e eu carrego todas essas marcas e a cicatriz na alma. Ele foi condenado a apenas cinco anos de prisão, mas, mesmo assim, a Lei Maria da Penha é um avanço e uma esperança. (Brasília – DF). ³




Depoimento 02:

Eu sofri violência quando eu tinha 17 anos de um namorado meu. No começo ele era muito cuidadoso,carinhoso,se mostrava um amor de pessoa,depois fui ver que não era assim. A primeira vez que ele me bateu ele estava muito bebâdo, e me deu um tapa na cara, porque ele não havia gostado do que eu disse pra ele. No momento fiquei muito apavorada, desci do carro e queria ir embora de taxi, mas ele me ligou e eu voltei pra ele. Na outra vez que ele me bateu foi em uma discoteca na frente de todos porque eu havia perdido um cartão que dá acesso a conta da boate. Eu chorei muito, e os amigos dele queriam me levar embora mas eu acabei perdoando ele mais uma vez.

Ele começou a se mostrar mais agressivo, qualquer coisa gritava muito comigo, me tratava muito mal, eu emagreci muito, passo mal, tenho problemas nervosos, preciso tomar remédios controlados por causa disso.Ele começou a me ameaçar, eu não podia sair de casa, não podia ter amigos, não podia fazer nada.

O ruim é que eu não tive coragem de contar a ninguem o que acontecia comigo, sempre fingia estar feliz, o que foi um grande erro porque na verdade eu sofria muito.

Eu não conseguia me disfazer dele, mas fui criando coragem aos poucos, ignorando ele, me desprendendo, e consegui finalmente ficar livre.

Hoje ainda tenho algumas complicaçãoes mas estou me recuperando muito bem.

Não aconselho ninguem a perdoar a viôlencia na primeira vez, porque depois fica muito mais difícil conseguir.A minha familia não sabe do acontecido, eu não fui corajosa o suficiente para denunciá-lo mas se voltar a acontecer comigo, eu não pensarei duas vezes. Não quero ter o mesmo sofrimento que eu já tive. (Foz do Iguaçu – PR) 4.


Depoimento 03:

Fui agredida pelo meu marido, desta vez foi fisicamente também, porque psicologicamente e verbalmente acontece sempre. Ele me acusa de ter amantes (que só existem na mente dele, que é muito ciumento) e procura me acuar de todas as formas. Desta vez eu fui orientada a ir à delegacia de mulheres, eu nunca tinha ido a uma delegacia antes. Fui também ao IML porque ele me causou lesões físicas, mas demorou um mês para ele receber a intimação, e ainda mais um mês para chegar o dia de ir lá prestar esclarecimentos, nem sei se foi, só espero que tenha levado ao menos uma repreensão, mas como não foi pego em flagrante, esta tranquilo, trabalhando normal, espero que não volte a me bater pq se não houve nenhuma punição e ele voltou pra casa, com apenas uma bronca, ele não vai ter medo de fazer novamente.

Eu gostaria de acreditar que ao menos uma punição por menor que seja ele tenha sofrido e aprendido a lição. Não me separei pq não tenho como sobreviver, sempre fui pressionada a não trabalhar, sofri acuação, e agora com quase 50 anos, fica complicado começar no mercado de trabalho. Também não gostaria de acabar com minha família, não fui educada desta forma. Estou aqui torcendo para que agressores que não são presos recebam uma punição suficiente para não querer fazer de novo, caso a mulher não se separe por inúmeros motivos. Gostaria de acreditar que ele foi punido. Obrigada por ter me dado a chance de desabafar. (São Paulo – SP)5.



Bom encontro a todos, e como cantamos em nosso hino: Meu Verdadeiro Ideal, “posso mudar o mundo ao meu redor, se eu começar por mim algo será melhor”, dessa forma reiteramos nosso SIM ao serviço e a luta por um mundo melhor conforme nossa vivência no carisma francisclariano.


Fraternalmente,


Francisco Carlos

Secretário Regional de Formação

Jufra Regional NE A2 CE/PI

Fraternidade Nossa Senhora das Graças - Floriano/PI




Referências:

¹Santo Papa João Paulo II, 1990. Disponível em: https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/messages/pont_messages/1990/documents/hf_jp-ii_mes_19900228_brasile-fraternita.html Acesso: 17/08/2018

²Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/85640-cnj-publica-dados-sobre-violencia-contra-a-mulher-no-judiciario Acesso: 17/08/2018

³ Câmara Legislativa do Distrito Federal. Disponível em: www.cl.df.gov.br Acesso: 17/08/2018

4,5Histórias Reais – Violência contra mulher. Disponível em: https://feminilizandoblog.wordpress.com/2016/06/10/historias-reais-violencia-contra-mulher/ 17/08/2018



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