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AE - Solenidade de Corpus Christi

"É o espírito do Senhor que habita nos seus fieis que recebe o Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor... Eis que Ele se humilha todos os dias; tal como na hora em que, "descendo do seu trono real" para o seio da Virgem, vem diariamente a nós sob aparência humilde; todos os dias desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote. E como apareceu aos santos apóstolos em verdadeira carne, também a nós se nos mostra hoje no pão sagrado".

(Exortação I - São Francisco).

Nessa solenidade de Corpus Christi, devemos nos voltar para a contemplação da fiel misericórdia de Deus para conosco. É Cristo sentindo nossas culpas, nossas misérias com o próprio coração. É Deus que se abaixa para assumir humildemente nossas fraquezas, e por meio dessa entrega fortalecer-nos por seu amor.


É na identificação com o Amado que Francisco aprofunda sua espiritualidade, buscando amar acima de tudo o seu Senhor. Francisco aquieta o coração diante das misericórdias de Deus que se encarna, habita no meio de nós, vive a paixão, morte e ressuscita por seus amados irmãos. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos (Jo 15, 10). Assim, o Cristo do presépio, da cruz, da eucaristia é o Cristo da entrega, da doação.



E na eucaristia essa doação se faz numa dimensão que nos põem diante do sentido maior de nossa existência: o total esvaziamento de si, em nome do amor pelo outro. É na eucaristia que Jesus toma para si a entrega total, na humilde condição da aparência do pão, para o bem maior de cada um de nós. Ele é o pão vivo que vem do céu; não mais o maná do qual outrora os filhos de Deus se alimentaram no deserto. Esse pão que vem do céu é graça e benção, pois que dá a vida eterna. E enquanto, filhos de Deus também nós somos exortados a viver esse amor doação.


A espiritualidade franciscana concentra em seu cerne isto: o amor serviço aos irmãos. Isto é o centro de nossa vocação cristã vivida na experiência franciscana. Sejamos nós também essa graça e bênção para o próximo, evangelizando mais com ações do que com palavras, na profunda dimensão do amor ágape. Colocando-nos a serviço, sendo menores, saindo de nossos comodismos pessoais é que assumimos esse chamado de Deus para sermos essa igreja em saída, gerando aquilo que é fundamental para um cristão, para um franciscano: a fraternidade. A Igreja, trilhando o caminho do Cristo, não pode deixar de fazer a mesma coisa. “Vós mesmos, dai-lhes de comer” (Lc 9,13).

Como nasce o dia de Corpus Christi?

O dia de Corpus Christi teve seu início com as visões de uma freira agostiniana, chamada Juliana, que historicamente deram início ao movimento de valorização da exposição do Santíssimo Sacramento. Em 1209, na diocese de Liége, na Bélgica, essa religiosa começa ter visões eucarísticas, que se vão suceder por um período de quase trinta anos. Nas suas visões ela via um disco lunar com uma grande mancha negra no centro. Esta lacuna foi entendida como a ausência de uma festa que celebrasse festivamente o sacramento da Eucaristia.


Quando as idéias de Juliana chegaram ao bispo, ele acabou por acatá-las, e em 1246, na sua diocese, celebra-se pela primeira vez uma festa do Corpo de Cristo. Seja coincidência ou providência, o bispo de Juliana vem a tornar-se o Papa Urbano IV, que estende a festa de Corpus Christi para toda Igreja, no ano de 1264.



Mas a difusão desta festa litúrgica só será completa no pontificado de Clemente V, que reafirma sua significação no Concilio de Viena (1311-1313). Alguns anos depois, em 1317, o Papa João XXII confirma o costume de fazer uma procissão, pelas vias da cidade, com o Corpo Eucarístico de Jesus, costume testemunhado desde 1274 em algumas dioceses da Alemanha.


O Concílio de Trento (1545-1563) vai insistir na exposição pública da Eucaristia, tornando obrigatória a procissão pelas ruas da cidade. Este gesto, além de manifestar publicamente a fé no Cristo Eucarístico, era uma forma de lutar contra a tese protestante, que negava a presença real de Cristo na hóstia consagrada.


Atualmente a Igreja conserva a festa de Corpus Christi como momento litúrgico e devocional do Povo de Deus. O Código de Direito Canônico confirma a validade das exposições publicas da Eucaristia e diz que ·principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, haja procissão pelas vias públicas· (cân. 944).


Gilvaneide Rosa de Sousa

Secretária Regional de Ação Evangelizadora

Eliane Ferreira

Assessora Regional de Comunicação Social, Registro e Arquivo

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